sexta-feira, 7 de julho de 2017

29/07/2013 15h21 - Atualizado em 29/07/2013 15h21 Declaração do Papa Francisco sobre gays gera reações

29/07/2013 15h21 - Atualizado em 29/07/2013 15h21

Declaração do Papa Francisco sobre gays gera reações

'Quem sou eu para julgar os gays, questionou-se o pontífice.
Para ativista gay, houve mudança de 'estilo', mas não de 'conteúdo'.

Da AFP
As declarações do Papa Francisco, que nesta segunda-feira (29) manifestou sua tolerância em relação aos homossexuais na Igreja Católica, ao questionar diante de jornalistas "Quem sou eu para julgar os gays?", geraram reações de militantes e representantes de organizações dos direitos dos homossexuais.
"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", afirmou o Papa durante a entrevista concedida aos jornalistas que o acompanhavam no voo de volta à Itália depois da visita de uma semana ao Brasil, surpreendendo boa parte dos vaticanistas presentes.
"As palavras pronunciadas pelo Papa são muito importantes do ponto de vista do estilo, porque, depois de tantos anos de insultos lançados pela Igreja Católica, se reconhece que não devem discriminar ou marginalizar essas pessoas", declarou Aurelio Mancuso, presidente do Equality Italia, católico e representante do movimento homossexual italiano.
O primeiro Papa latino-americano, que durante sua permanência no Brasil evitou falar de temas delicados como aborto e casamento gay, enfatizou em pleno voo que "o catecismo da Igreja Católica explica de forma muito bonita" o tema da homossexualidade.
"Diz que não se deve marginalizar estas pessoas por isso. É preciso integrá-las à sociedade", comentou Francisco.
"O problema não é que haja esta tendência, e sim a formação de um lobby. Esse é o assunto mais grave para mim", acrescentou o Papa ao responder a uma pergunta de um jornalista sobre as denúncias a respeito da existência de um lobby gay dentro do Vaticano.
Especialistas apontam para um grupo de pressão que estaria conspirando para ter acesso a cargos de poder.
"Nenhum lobby é bom", declarou o Papa ainda.
"O problema não é essa orientação. Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby por essa orientação, ou lobbies de pessoas invejosas, lobbies políticos, lobbies maçônicos, tantos lobbies. Esse é o pior problema", enfatizou.
A pergunta feita ao Papa referia-se ao "escandaloso caso de amor" entre o monsenhor Battista Ricca, nomeado pelo Papa Francisco recentemente para um cargo estratégico no banco do Vaticano, e um capitão da guarda suíça, um caso do passado que, segundo Francisco, não era de seu conhecimento.
Amável e bem-humorado, Francisco respondeu às perguntas sem se esquivar, mas levando algum tempo para pensar bem em cada uma das respostas.
Para Mancuso, no entanto, a referência ao catecismo universal, que não condena a orientação homossexual e sim os atos homossexuais como pecaminosos, obriga os gays à castidade, "sem vida afetiva ou sexual".
"Nada de novo do Vaticano, apenas uma mudança de estilo. A substância continua sendo a mesma", lamentou.
A declaração de Francisco foi feita na primeira entrevista coletiva à imprensa desde que foi eleito em março ao trono de Pedro, e foi concedida depois de sua histórica visita ao Rio de Janeiro em ocasião da Jornada Mundial da Juventude.
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  • Raim

Papa Francisco pede nova atitude da Igreja com os filhos de homossexuais

France Presse
04/01/2014 19h55 - Atualizado em 04/01/2014 21h40

Papa Francisco pede nova atitude da Igreja com os filhos de homossexuais

Papa alertou sobre atitude que pode 'inocular uma vacina contra a fé'.
Em 2013, revista gay elegeu Francisco a personalidade mais influente.

Da France Presse
Papa falou sobre jesuítas (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)Papa Francisco (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)
O Papa Francisco pediu à Igreja católica em discurso divulgado neste sábado (4) para reconsiderar sua postura com os filhos de casais homossexuais e de pais divorciados, alertando sobre uma atitude que pode se reverter em algo equivalente a "inocular uma vacina contra a fé".
"Do ponto de vista educacional, os casamentos homossexuais nos lançam desafios que às vezes compreendemos mal", disse o Papa em um discurso à União Internacional de Superiores Gerais, no dia 29 de novembro, cujos trechos foram divulgados na internet pela imprensa italiana apenas neste sábado (4).
"A quantidade de crianças escolarizadas cujos pais estão separados é muito alta", disse, acrescentando que a estrutura familiar está mudando na atualidade. "Lembro do caso de uma menina que, com tristeza, confessou à sua professora: 'a namorada da minha mãe não gosta de mim'".
O papa considerou que os educadores deviam se perguntar "como ensinar o Cristo a uma geração em transformação?" "Temos que cuidar para não lhes administrar uma vacina contra a fé", alertou.
Apesar de a Igreja estar frequentemente em conflito com lésbicas, gays, bissexuais e a comunidade transgênero em relação ao casamento homossexual, as tentativas de abertura do Papa argentino foram apreciadas.
Em julho, o Papa chamou a atenção dos gays ao declarar: "Se alguém é gay e busca o Senhor com sinceridade, quem sou eu para julgá-lo?"
O Papa convocou uma assembleia geral dos bispos para discutir a posição da Igreja em relação à família, na qual deverá ser debatido, entre outros problemas, o dos divorciados que voltaram a casar e o dos filhos de pais separados.
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  • Edgard Junior

08/04/2016 07h18 - Atualizado em 08/04/2016 11h20 Papa pede maior compreensão com famílias não tradicionais

Papa pede maior compreensão com famílias não tradicionais

Documento 'A Alegria do Amor' traz conclusões de dois sínodos.
Pontífice pediu para igreja parar de 'atirar pedras'.

Do G1, em São Paulo
Papa Francisco pediu mais compreensão com relação às famílias não tradicionais no documento “A Alegria do Amor”, que foi divulgado nesta sexta-feira (8). Ele pediu aos sacerdotes de todo o mundo aceitar gays e lésbicas, divorciados católicos e outras pessoas que vivem em situações que a igreja considera "irregulares".
O texto "Amoris Laetitia" (em latim), que tem 256 páginas, traz as conclusões de dois sínodos (reuniões) sobre a crise da família, realizados em outubro de 2014 e outubro de 2015, e representa uma mudança uma vez que reconhece as numerosas razões pelas quais os casais, segundo o contexto social e cultural, decidem conviver.
Desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito"
Papa Francisco
O pontífice diz que a igreja não deve continuar a fazer julgamentos e “atirar pedras” contra aqueles que não conseguem viver de acordo com ideais de casamento e vida familiar do Evangelho, destacou a Associated Press.
No entanto, o documento rejeita "os projetos de equiparação das uniões entre pessoas homossexuais com o matrimônio". "Não existe nenhum fundamento para assimilar ou estabelecer analogias, nem mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família", diz o texto, segundo relato da France Presse.
"É inaceitável que as Igrejas sofram pressões nessa matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo", afirmou em outro trecho.
“Desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e, particularmente, toda a forma de agressão e violência”, afirma o Papa no documento.
O pontífice tem insistido em defender que a consciência individual deve ser o princípio orientador para os católicos para negociar as complexidades do casamento, da vida família e do sexo.
O líder católico pediu à igreja que "valorize" as "uniões de fato" e reconheça os "sinais de amor" entre estes casais e que sejam "acolhidos e acompanhados com paciência e delicadeza", afirmou a France Presse.
"A escolha do matrimônio civil ou, em outros casos, da simples convivência, frequentemente não está motivada pelos preconceitos ou resistências à união sacramental, e sim por situações culturais ou contingentes. Nestas situações, poderão ser valorizados aqueles sinais de amor de que, de algum modo, refletem o amor de Deus".
Ainda no capítulo sobre o amor no matrimônio, Francisco fala do "erotismo saudável que, se bem está unido a uma busca do prazer, supõe a admiração e, por isso, pode humanizar os impulsos".
Papa Francisco, em imagem de arquivo, durante cerimônia no Vaticano em 3 de março de 2015 (Foto: Max Rossi/ Reuters)Papa Francisco durante cerimônia no Vaticano em 3 de março de 2015 (Foto: Max Rossi/ Reuters)


Divorciados
O Papa Francisco já tinha dado várias declarações que indicavam uma maior abertura. Em agosto do ano passado, ele já tinha pedido para que os fiéis divorciados fossem acolhidos e não tratados como excomungados.
No documento "A Alegria do Amor", o Papa estende a mão aos divorciados que voltam a se casar e convida a igreja a "fazê-los sentir que são parte da Igreja" e recorda que "não estão excomungados", segundo a France Presse.
"Estas situações exigem um atento discernimento e um acompanhamento com grande respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que faça com que sintam-se discriminados, promovendo sua participação na vida da comunidade", escreveu o Papa.
O Pe. José Eduardo Oliveira, que é doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz e sacerdote da diocese de Osasco, na Grande São Paulo, explica, no entanto, que embora o documento fale em acolhida dos divorciados, não menciona se eles poderão voltar a comungar.
Os casos devem ser analisados a partir de normas já estabelecidas anteriormente."Não existe uma normativa geral de tipo canônica aplicável a todos os casos", diz o documento.
“É preciso analisar cada caso e existem algumas situações em que documentos anteriores, como o Familiaris Consortio [de novembro de 1981], do do Papa João Paulo II, já prevê alguns casos de divorciados que voltaram a casar podem voltar à comunhão desde que vivam a castidade conjugal”, explicou o padre.
Realidades locais
O documento afirma que na Igreja é necessária uma unidade de doutrina e de praxe, mas isso não impede que subsistam diferentes maneiras de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas consequências que derivem dela. "Em cada país ou região, é preciso buscar soluções mais culturalistas, atentas às tradições e aos desafios locais", segundo a France Presse.

Revolucionário?
A CNN afirma que o documento tem muitos elementos para agradar liberais e conservadores, o que faz com que ele tenha um alcance limitado.
Para o padre José Eduardo Oliveira o documento não é revolucionário do ponto de vista doutrinal, mas “do ponto de vista pastoral pode ser”. “Qualquer análise que queira colocar o documento no jogo de disputa entre liberais e conservadores, é muito reducionista. Acho que esse documento tira todo mundo da sua zona de conforto”, afirmou.
Para o padre, o documento representa um avanço. “O Papa não fica em um discurso teórico, ele analisa os problemas que as famílias enfrentam no mundo de hoje e mostra a necessidade de acompanhar essas famílias. Nesse sentido é um avanço”, afirmou o padre.
"Durante muito tempo acreditamos que apenas insistindo em questões doutrinais, bioéticas e morais (...) sustentaríamos suficientemente as famílias, consolidaríamos o vínculo dos esposos e encheríamos o sentido de suas vidas compartilhadas", diz o documento.
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